terça-feira, outubro 11

Um pontapé nos locais

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Viajar para aprender e descobrir mundos, ter outras vivências? Na Tailândia, em Sortelha, Pitões das Júnias ou no Camboja, a muitos que lá vão o que  sobremodo os maravilha, e se apressam a partilhar, é a intimidade das conversas que  têm com os locais.
E eu então, quando isso leio ou por acaso oiço a baboseira, do que tenho logo vontade é de lhes assentar um pontapé naquele local - creio que foi Eça que assim o definiu – onde as costas acabam e as pernas começam.
Mas como isso já não se faz, e nesta nossa em extremo carinhosa sociedade até o   puxão de orelhas pode dar cadeia, fico a remoer o desagrado, perguntando-me a quem raio devo deitar culpas. Aos pais? À escola? À fraqueza das cabecinhas? À parolice que os leva a acreditar que, exprimindo-se desse modo, se distinguem do comum, mostram fineza?
Passado o acesso e voltando a mim, não é irritação o que sinto, mas desalento. Pois que adianta o esforço dos que se empenham para que o mundo avance, se nem de longe fazem contrapeso ao rebanho que se alegra e satisfaz com a própria ignorância?
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Publicado no CM