terça-feira, dezembro 15

"O nosso gajo"

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Desde há tempos, almas bem intencionadas, mas ingénuas, sussurram-me que aproveite a ocasião, porque "o nosso gajo" é único, nunca se viu semelhante personagem, dava um grande romance.
Escuto com o sorriso da simpatia, e tenho a bondade de não contradizer, mas não lhes explico o motivo do meu desinteresse, fora que acho a modo de abuso que alguém, embora com as melhores intenções, venha sugerir o que devo plantar na minha horta.
Há ainda o facto de que, por muito complexa que seja a pessoa, emaranhadas as suas andanças e araganças, pouco trabalho daria encontrar na história, na literatura, e mesmo no dia a dia, quem lhe leve a palma.
O caso é que são sem conta os que vivem no fascínio do imediato: nada sabem do que foi, não lhes interessa o que será, supõem que o mundo acorda com eles e se deita à mesma hora.