sexta-feira, novembro 6

Títulos

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Difícil, cansativa, frustrante, de resultado sempre duvidoso, a busca de um título para um romance leva ao desespero e, pelo menos a mim, nunca satisfaz quando o vejo impresso.
O ideal é que seja curto e fácil de pronunciar, soe bem, desperte a curiosidade. Pode ser chocante –  Elas Gostam de Apanhar, de Nelson Rodrigues, é um clássico – mas esse talento é dado a poucos, compara-se à dança na corda bamba. Deve evitar as aliterações do género Ele Não Me Ama ou o ridículo baboso – Ajoelhado Aos Teus Pés. E mais, porque são muitos os escolhos e o resultado não se mede pelos elogios da crítica ou dos amigos, mas pela fila diante da caixa, que tem maior possibilidade de crescer devido ao título e à capa (ou às aparições do autor na televisão) do que o tempo que este passou a desfiar o enredo.
Porque no caso que me ocupa há uma situação de vingança, cuidava eu incluir a palavra no título, mas não serve. Recorrendo ao Google descobri, só em inglês e numa busca rápida, para cima de três milhares de citações de vingança, incluindo a conhecida de que ela se serve fria.
De modo que desisti desse e ando à procura do título ideal: o que me satisfaça, agrade ao editor, soe bem, caiba na capa, tenha a malícia de Elas Gostam de Apanhar, e possa ser dito em voz alta.