quinta-feira, fevereiro 5

Manhã de fado

Aldina Duarte
Seria demorado explicar, porque é um estremecer que vem do mais longe dos meus anos de menino, o som e a dolência do fado, a primeira música que conscientemente ouvi, tão entranhado nela que me perdoo a teimosia com que continuei a tocar guitarra, mesmo quando há muito sabia que me faltava o jeito e nunca passaria de amador.
Em horas de desalento, mas também em dias bons, há por vezes em mim uma urgência de ouvir o fado, como se, estando longe, a alma me queira recordar a precisão de manter os laços que me prendem à terra em que nasci, mas que por razões várias e alguma tristeza, tantas vezes sinto  afrouxar.