quinta-feira, abril 3

Quantos serão?


Quantos serão? Os que nos habitam, os que no íntimo se guerreiam e nos afligem, incapazes de harmonia, puxando para extremos, levados por interesses que se contradizem e nos tiram a paz. Quantos serão?
Feliz aquele que se julga apenas um, traçou caminho e por ele vai desinteressado do que vê, desinteressado do semelhante, insensível à paisagem, indiferente ao azul do céu e ao que em redor acontece.
Mas a vida, a estranha vida, desconhece a compaixão. A todos ilude e castiga, tão pronta em fazer brilhar a réstia de luz, como dum só golpe decepar um braço; oferecer ao mesmo tempo o sorriso do inocente e a carantonha do malfeitor; confundindo o bem e o mal; levando-nos de escantilhão quando julgamos ir pelo nosso pé; iludidos de que uma e outra vez mandamos, quando não fazemos mais que obedecer.