sábado, junho 1

Feira do Livro

Em parte é da idade, bem sei, mas deprime, entrar na sala do pequeno-almoço de um hotel, e dar com uma massa de gente de idades várias, naqueles trajes com que o cidadão-turista crê passar da triste mediania para o estatuto de homem do mundo, viajado que baste.
Há ali de tudo, desde a anciã em mini-saia, a uma cinquentona que faz arregalar os olhos, de  jeans esburacados nas coxas, atrás, à frente, dos lados, em cima, em baixo, nada de rasgões de tolice juvenil, mas buracos convidativos, por onde facilmente entrará mão que apeteça o que os franceses elegantemente denominam viande faisandée.
Velhinhos melancólicos, de calções desbotados, apresentando às oito da manhã, uns, tíbias adornadas de varizes, outros panças de gravidez, que não são de menino ou menina, mas de comezaina, em risco de explodirem ali, quando repetem a pratada de bacon e ovos escalfados.
Estou na Feira do Livro em Lisboa. Graças a Deus, a multidão que por lá passa nem toda tem o ar destes companheiros do meu pequeno-almoço. Se tivesse, creio que fugia.