quarta-feira, outubro 7

Estupidez

Nas sociedades que consideramos civilizadas é de bom tom, e bom aviso, manter aquela mediania de ideias e atitudes que, pelo menos à superfície, evita os conflitos.

Iludimo-nos cientemente uns aos outros, mas sempre é mais pacífico do que andar à bordoada. Fazemos vénias, distribuímos cumprimentos, não vamos a direito mas aos ziguezagues, evitando o risco de que o semelhante se sinta ofendido ou não aprecie o choque.

Uma vez por outra, porém, mesmo que não seja avisado, o sentimento leva a melhor sobre as conveniências. Assim, muitos anos atrás, numa conferência em Amsterdam, causei algum burburinho e desagrado entre a civilizada assistência ao afirmar que preferia, de longe, tratar com alguém visceralmente mau do que com um estúpido.

Tive ontem um momento de satisfação ao ler aqui que há outros a partilhar a minha preferência. Infelizmente, uma satisfação que logo passou, ao recordar as ocasiões em que me tenho visto a enfrentar a aliança da maldade com a estupidez.